Meus olhos têm telescópios
espiando a rua:
minha alma espiando
longe de mim mil metros.
Hipnotizada diante de um fundo azul,
céu e mar,
minha alma não faz sentir nada.
As melhor equipadas,
estas sim!
estas flanam por aí,
reportam cheiros, sentem dores,
e brincam como crianças.
Fazem promessas, se divertem com cores
e lembranças.
Revelam horizontes!
Minha alma, ―olhos telescópios
espiando longe de mim mil metros―
encantada com a linha azul que delimita
céu e mar,
não revela nada.
"Poeminha do nada" nasceu inspirado em dois outros poemas, estes sim, Poemas de Verdade: "Poema" de João Cabral de Melo Neto (trecho destacado em courier) e "O Tejo é Mais Belo Que o Rio Que Corre Pela Minha Aldeia" de Fernando Pessoa.