O que eu estou contando aqui tem a ver com inquietação,
paixão e obsessão como é o caso de Richard F. Burton (1821-1890). Muito ousado, Burton aventurou-se em meados do
século XIX, disfarçado de afegão muçulmano -na época, sob o risco de vida- numa
peregrinação a Meca (Arábia Saudita) e, pouco tempo depois, em uma vigem
à cidade proibida (para não muçulmanos) de Harar (Etiópia). Essas explorações
foram relatadas entre 1855 e 1856 em “Pilgrimage to El-Medinah and Mecca” e “First
Footsteps in East Africa”, respectivamente. Em 1857, planejou e realizou, juntamente com John H. Speke, mais
uma grande façanha: a busca da nascente do rio Nilo, aventura que foi retratada
também no cinema pelo filme “Montanhas da Lua, 1990”. O brilhante Sir Richard Francis Burton tinha profundo
conhecimento das etnias e costumes da Ásia, África e Oriente. Segundo a Encyclopedia
Britannica, aprendeu 25 idiomas, publicou 43
volumes sobre suas explorações e quase 30 de traduções incluindo uma, excepcional
e sem expurgos, de “As Noites Árabes”, “Mil e uma Noites” como é mais conhecida.
Foi, aliás, o autor da primeira tradução para o ocidente do “Kama Sutra”.
Há tantas outras figuras fascinantes: Sir Ernest
Henry Schackleton (1874-1922), explorador do qual já falei no post “A Maior Aventura de Todos os Tempos” ; Lt. Col. John Henry
Patterson (1867-1947), o grande caçador dos “leões comedores de homens de Tsavo”;
Col. Percy Harrison Fawcett (1867-1925), explorador e arqueólogo (segundo alguns, o verdadeiro Indiana Jones) que
desapareceu misteriosamente durante uma expedição no Mato Grosso em 1925 e
muitas outras, inclusive contemporâneas. Talvez fale sobre mais algumas em
outros posts.
Enfim, sob a chancela e o financiamento de instituições como
o Exército Britânico, a Royal Geographic Society, ou de empresas como a English
East India Company e a British South Africa Company, estes homens atuavam
na vanguarda expansionista: mapeavam regiões, analisavam suas potencialidades econômicas e os recursos
naturais existentes, estudavam os costumes e identificavam as vulnerabilidades. Na minha opinião, eram homens obstinados e diligentes
que, aproveitando-se dos recursos e da influência do Império, colocavam em prática as
próprias empresas em busca de fama ou simplesmente pelo fascínio por certos
desafios. Eram, na essência, grandes aventureiros.