Era inverno em Paris e visitávamos a cidade pela primeira vez: obras de arte a céu aberto, imensos jardins, avenidas grandiosas, ruelas pitorescas, cafés e boulangeries encantadores, encontros com a História em cada esquina... você fica embasbacado entre tantos “Monets”, “Rodins”, “Van Goghs”, museus, igrejas e outros sítios centenários. Já imaginou entrar na Notre Dame e ser surpreendido por uma audição sendo executada no seu monumental órgão de tubos!? Bom, no meio disto tudo, a velha Torre -que avistávamos frequentemente, de longe, durante os nossos deslocamentos- ficou para o final.
Fomos à noitinha -pois estaria iluminada-, descemos na estação Trocadéro saindo bem em frente ao Théâtre National de Chaillot. Seguimos à direita pela calçada do teatro (a fachada com “pé direito” muito alto impedia qualquer visão antecipada) na direção do Terrasse du Trocadéro. Dalí sim, logo que passássemos o prédio, teríamos uma visão ampla de todo o sítio da Torre.
Imediatamente, após passarmos o teatro -de coração aberto e sem muitas expectativas-, uma cortina se abriu revelando o cenário surpreendentemente luxuoso de um grande espetáculo. Não consigo lembrar de nada mais impactante: lindamente iluminada e elegantemente postada na imensidão do Champ de Mars, a enorme Torre era uma presença absoluta, inesquecível!
Duas semanas depois... Surpresa! Uma torre em brasas! Embora as fotos e a metáfora revelem um pouco da intensidade daquelas cenas, nem de longe conseguiram capturar a inteireza e o fascínio. Mesmo assim, fiquei satisfeito com o resultado.
Infelizmente, ela nunca mais se mostraria, assim, para mim. Acho que é impossível sentir-se tão impressionado com a beleza como quando a contemplamos pela primeira vez.